Olá, eu sou a Dandara! Ui, que emoção!
A partir de agora, estarei aqui no blog,
falando um pouco sobre os preconceitos bobos das pessoas!
E todas as histórias, acredite!, aconteceram de verdade.
Dandara em:
A beleza que mora em nós
Outro dia, a moça do shopping disse pra minha mãe que sou uma morena linda, da cor de jambo. Fiquei feliz com o "linda". Hum... porém, ela se enganou, porque eu sou negra. Qual o problema?
Tudo bem que cada um tem seu jeito de ser e de ver as coisas. Confesso que essa história causou um tremendo nó na minha cabeça. Será que não conheço mais as cores?
Com o tempo, fui percebendo que muita gente vive "cheia de dedos" na hora de falar sobre a cor da pele. Isso deveria ser algo natural, pois, andando pelas ruas da cidade, eu vejo muito bem: há pessoas de várias cores - alguns são negros, outros pardos, brancos... cada qual com seu charme e estilo. Se a beleza escolhesse uma só cor para amiga, a vida seria bastante chata, não acha?
Em 2010, o Grupo de Trabalho de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Belo Horizonte decidiu nos apresentar uma garotinha incrível de, mais ou menos, 8 anos de idade, a Dandara. Ela veio com a missão de ajudar as pessoas a refletirem sobre o preconceito e a inclusão social. Fico feliz por fazer parte da equipe que dá vida à Dandara. Agora resolvemos trazê-la também para a Torre Mágica; não é o máximo? Em breve, ela terá seu próprio blog. (Que chique, Dandara!) Aguarde. Enquanto isso, leia os contos que já saíram publicados no informativo Entre Nós. As ilustrações são do talentoso Clayton Ângelo. Quer saber detalhes de como tudo isso começou? Então clique aqui, ora!
pedro antônio de oliveira
Dandara em: Mudanças
O nosso novo apartamento é lindo. De tão alto, é possível avistar as coisas lá na frente, aonde nunca fui direito. No primeiro dia, minha mãe foi confundida com uma empregada doméstica na hora em que descia de elevador pra pôr o lixo na rua. Uma senhora perguntou quando os donos do oitavo andar se mudariam.
O queixo dela despencou de uma só vez, logo que ficou sabendo que conversava com a própria dona do apê. Será que ela pensa que todas as empregadas domésticas do mundo precisam ser negras e as moradoras de arranha-céus ter cabelos lisinhos?
Ai, ai, ai... É cada uma! Igual ao chefe da minha mãe, que pediu pra ela "dar um jeito" naquele estilo afro do penteado dela. Só faltou dar de presente um aparelho de chapinha junto com a promoção de gerência. Mamãe disse "não", e acabou provando pra ele que não era o cabelo dela que tinha de mudar, mas, sim, o jeito de se olhar para aquilo que já é bonito.
Dandara
em:
Entre iguais
Já
ouviu aquelas piadinhas bobocas que fazem com negros? Eu já! Um montão de
vezes! Mas eu “nem-te-ligo-farinha-de-trigo”! Entra num ouvido e sai no outro.
Como pode alguém achar graça naquilo que procura diminuir as pessoas? Fica
parecendo que ser negro é ser menos na vida. Quem faz uma coisa dessas não
imagina o quanto isso machuca a gente. Certa vez, chamaram a Talita de “barata
descascada”, só por ela ser branquíssima. Ela ficou toda murcha, coitada. Se
bem que foi a Tatá quem começou, botando no Arthur o apelido de “pão queimado”.
Que coisa feia ficarem se agredindo daquele jeito! Ainda bem que, depois do
bate-boca, tudo terminou em paz, com direito a pedido de desculpas e um aperto
de mão. Ufa! Pelo menos, a confusão serviu pra que cada um se conhecesse
melhor e se respeitasse como ser humano. Desconfio de uma coisa: a Talita tem
uma quedinha pelo Arthur. É isso mesmo. Já entendi tudo! Que pena que as
pessoas, às vezes, tenham tanta dificuldade em dizer “te amo”. Tão mais
simples... né!?
Em breve, mais contos da Dandara. Espero que você tenha gostado!
pedro antônio de oliveira