12.1.13

Dandara está de volta!

Dandara em: 
Prova de amor


A Val, amiga da minha mãe, tem um filho que nasceu de pele clara, mesmo Val sendo negra. Calminha aí, que eu explico! O pai é loiro. Tem até olhos verdes. A primeira vez que a vizinhança deu de cara com o garoto, foi um tremendo zum-zum-zum. Todo mundo espalhando que ele havia sido trocado na maternidade. Pode um negócio desses? Até hoje, tem gente que diz: “Uma negra casada com um moço loiro? Ui, ui, ui... Que coisa mais esquisita!”. O pior não é isso. Outro dia quase que a polícia prendeu a Val. Ela estava no supermercado quando o menino começou a chorar; coisa de criança, sabe?... Em pouco tempo, uma muralha de seguranças se formou ao redor dela; no mínimo, pensando que Val tinha sequestrado o bebê. Tem cabimento? Ela teve de mostrar documento e tudo, para provar que era mãe dele. Desaforo! E precisava? Será que ninguém percebeu a verdade entre os dois, naquele carinho todo, de mãe e filho?





Dandara em:
Tambor de Crioula



Não consigo parar de ler as histórias dos heróis negros. É tão emocionante! Já ouviu falar de Luísa Mahin, ex-escrava africana que veio morar no Brasil? Ela nasceu no início do século XIX e contava pra todo mundo que tinha sido princesa, na África. Eu não duvido, não! Quando se casou com um nobre português, Luísa teve um filho, o abolicionista Luís Gama. Êta, neguinha esperta! Ela sacudiu a Província da Bahia, ao liderar batalhas para salvar nossos irmãos escravos. Que coragem! Sabia que ela aproveitava os deliciosos quitutes que fazia para distribuir mensagens de mobilização em favor da liberdade do povo negro? Uns dizem que ela conseguiu escapar para o Rio de Janeiro e, depois, foi presa e devolvida a Angola. Outros, que ela se mudou para o Maranhão e, por lá, criou o Tambor de Crioula ou Punga, uma dança africana muito alegre, em louvor a São Benedito, um dos santos mais queridos entre os negros. Eu prefiro esse final, que é bem mais feliz.


Aposto que você ficou curioso(a), louco(a) pra saber mais sobre o Tambor de Crioula. 
Clique: link1 / link 2.




Dandara em:
Filho de guerreira...
 



Sabe a Luísa Mahin, africana guerreira da nação Nagô? Eu falei sobre ela logo aí em cima. Pois é; ela teve um filho, o Luís Gonzaga Pinto da Gama, que nasceu em Salvador em 1830 e se tornou advogado, jornalista e escritor. Seus poemas criticavam os poderosos da época e fazem parte da segunda geração do Romantismo no Brasil. Olha que chique! Certa vez, vendido com mais de cem escravos, acabou morando na Província de São Paulo. Só que, em Campinas, ninguém o comprou. É que escravo baiano tinha fama de negro fujão. Desculpe, essa parte eu achei engraçada! Daí, trabalhou com serviços domésticos numa fazenda. Lá, a amizade com um hóspede estudante mudou seu destino pra sempre, porque, com ele, aprendeu a ler e escrever. Luís Gama tinha o coração do tamanho de um oceano. Ao acolher em casa escravos acuados e feridos, consolava-os e compartilhava o pouco dinheiro que recebia de algum cliente mais rico. Conseguiu libertar mais de mil cativos usando a lei e suas reflexões contra a escravidão, um sistema tão injusto e sem justificativa para existir.



Quer conhecer mais detalhes sobre o Luís Gama? Veja: link1 / link 2.


Talvez, você ainda não saiba quem é a Dandara. Mas eu vou te contar: é uma menina pra lá de bacana e muito mais pra lá ainda de esperta, que vivencia o preconceito e a discriminação racial. E isso dói muito mais no coração do que na pele. Por esse motivo, ela luta pra mudar o que não está certo. 
Quer ler os primeiros microcontos da Dandara? 
Então clique logo aqui:
As ilustrações são de Clayton Ângelo. Corra até o blog dele

A Dandara existe de verdade.
Olha ela aí, brincando com a moradora da Torre Mágica.

pedro antônio de oliveira