Alguém pode morar para sempre no nosso coração, mesmo não estando mais aqui com a gente, na Terra. É a pressa, a correria, a rotina agitada que vão matando as pessoas especiais dentro de nós. Com o tempo, a gente nem se lembra mais da voz, do sorriso, do jeito da pessoa... enfim!... de que aquele alguém tão importante um dia existiu. Isso não é péssimo!?
Numa tarde dessas, abri uma caixa de retratos antigos. E lá estavam minha avó, minhas tias, um tio superquerido, primos amados... Todos já se foram, deixando para trás um vazio enorme. Minha tristeza maior foi perceber que a loucura do dia a dia estava apagando aqueles rostos da minha memória, como se eles nunca tivessem feito parte da minha vida.
São tantos afazeres, tanta bugiganga que a gente carrega e persegue, que fica difícil reservar um tempinho só para recordar quem passou pela nossa história. Será que essa agitação que bagunça nossa vida já não é uma desculpa, um modo inconsciente de fugir, não encarar a realidade, não enxergar as perdas, não reunir os pedaços da gente que foram ficando pelo caminho?
Em algum lugar, alguém nos observa e continua nos amando. Pense nisso.
Pedro Antônio de Oliveira