Vem...Verão... com pétalas de sol zunindo
a tarde ameaçada pelo incêndio da noite
súbita de harmonias, rasgada de ocultas aves
ciciando a espuma translúcida dos olhos,
devorada de penumbra.
Vem... Verão... coberto de sonhos rente ao rio
exausto, de vermes apodrecidos
sob o hálito fugidio das folhas secas
– de sol e mistério breve –
num harpejo de searas e semente.
Vem... Verão... dócil sonâmbulo abrindo
as entranhas da terra grávida,
de secura e pólen amarelo
em crepúsculos voando o inverno
num violino de cigarras.
Vieira Calado