29.12.15

Reavivar

2015 vai chegando ao fim e, de novo, renovamos nossas esperanças em busca de uma vida melhor. Ninguém veio ao mundo com a intenção de sofrer, mas já sei que é impossível caminhar sem experimentar algum amargo nos dias.

Se você pudesse subir ao mais alto arranha-céu e, de lá, conseguisse fixar seus olhos sobre a multidão, veria que, em cada olhar, em cada semblante, há marcas de alegria e vestígios de dor. Ninguém escapa dessa sina.

Viver é muito bom, apesar dos pesares. E tentar transformar tudo ao nosso redor, de um jeito alegre e positivo, é o caminho para uma verdadeira mudança. Que sejamos mais honestos, mais sinceros, mais solidários, menos prisioneiros do dinheiro e do consumo exagerado. Não precisamos de tanta bugiganga para sermos felizes; não mesmo!

Vamos cultivar a paz de espírito, a saúde. E que a verdadeira felicidade tome conta de nós!


Pai e mãe, ouro de mina
Coração, desejo e sina
Tudo mais, pura rotina, jazz
Tocarei seu nome pra poder falar de amor.

Minha princesa, art-nouveau
Da natureza, tudo o mais
Pura beleza, jazz.

A luz de um grande prazer
É irremediável neon
Quando o grito do prazer
Açoitar o ar, réveillon.

O luar, estrela do mar
O sol e o dom
Quiçá, um dia, a fúria desse front
Virá lapidar o sonho
Até gerar o som
Como querer Caetanear
O que há de bom (Sina - Djavan)

pedro antônio de oliveira

19.12.15

Luz do dia


A alegria é um presépio,
a tristeza é tentação.
Três Marias de um mistério,
a surpresa em procissão.

"sou dela" nando reis

7.12.15

Eu sei que é assim


Você precisa tomar um sorvete
Na lanchonete, andar com a gente, me ver de perto
Ouvir aquela canção do Roberto.

Não sei, comigo vai tudo azul
Contigo vai tudo em paz...

"baby" rita lee

6.12.15

Passarinho engaiolado


Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho. De sua vida o mínimo que se poderia dizer era que era segura e tranquila como seguras e tranquilas são as vidas das pessoas bem casadas e dos funcionários públicos.

Era monótona, é verdade. Mas a monotonia é o preço que se paga pela segurança. Não há muito o que fazer dentro dos limites de uma gaiola, seja ela feita com arames de ferro ou de deveres. Os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não haver espaço para baterem suas asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode. Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro, comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono pelo gozo da segurança da gaiola.

Bem se lembrava do dia em que, enganado pelo alpiste, entrou no alçapão. Alçapões são assim; têm sempre uma coisa apetitosa dentro. Do alçapão para a gaiola o caminho foi curto, através da Ponte dos Suspiros.

Há aquele famoso poema do Guerra Junqueiro, sobre o melro, o pássaro das risadas de cristal. O velho cura, rancoroso, encontrara seu ninho e prendera os seus filhotes na gaiola. A mãe, desesperada com o destino dos filhos, e incapaz de abrir a portinha de ferro, lhes traz no bico um galho de veneno. "Meus filhos, a existência é boa só quando é livre. A liberdade é a lei. Prende-se a asa, mas a alma voa… Ó filhos, voemos pelo azul!… Comei!"

É certo que a mãe do passarinho nunca lera o poeta, pois o que ela disse ao seu filho foi: "Finalmente minhas orações foram respondidas. Você está seguro, pelo resto de sua vida. Nada há a temer. Não é preciso se preocupar. Acostuma-se. Cante bonito. Agora posso morrer em paz!"

Do seu pequeno espaço, ele olhava os outros passarinhos. Os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os sanhaços, entrando mamões adentro; os beija-flores, com seu mágico bater de asas; os urubus, nos seus voos tranquilos da fundura do céu; as rolinhas, arrulhando, fazendo amor; as pombas, voando como flechas. Ah! Os prudentes conselhos maternos não o tranquilizavam Ele queria ser como os outros pássaros, livres… Ah! Se aquela maldita porta se abrisse.

Pois não é que, para surpresa sua, um dia o seu dono a esqueceu aberta? Ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Saiu. Voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo. Puxa! Como era alto. Sentiu um pouco de tontura. Estava acostumado com o chão da gaiola, bem pertinho. Teve medo de cair. Agachou-se no galho, para ter mais firmeza. Viu uma outra árvore mais distante. Teve vontade de ir até lá. Perguntou-se se suas asas aguentariam. Elas não estavam acostumadas.

O melhor seria não abusar, logo no primeiro dia. Agarrou-se mais firmemente ainda. Neste momento, um insetinho passou voando bem na frente do seu bico. Chegara a hora. Esticou o pescoço o mais que pôde, mas o insetinho não era bobo. Sumiu mostrando a língua.

— Ei, você! – era uma passarinha. – Vamos voar juntos até o quintal do vizinho. Há uma linda pimenteira, carregadinha de pimentas vermelhas. Deliciosas. Apenas é preciso prestar atenção no gato, que anda por lá… Só o nome gato lhe deu um arrepio. Disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha procurou outro companheiro. Ele preferiu ficar com fome. Chegou o fim da tarde e, com ele a tristeza do crepúsculo. A noite se aproximava. Onde iria dormir? Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde a sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele. Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção. Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? E era preciso não esquecer os gambás. E tinha de pensar nos meninos com seus estilingues, no dia seguinte.

Tremeu de medo. Nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Somente podem gozar a liberdade aqueles que têm coragem. Ele não tinha. Teve saudades da gaiola. Voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta.

Neste momento, chegou o dono. Vendo a porta aberta disse:

— Passarinho bobo. Não viu que a porta estava aberta. Deve estar meio cego. Pois passarinho de verdade não fica em gaiola. Gosta mesmo é de voar…

rubem alves

26.11.15

Reviver


Eu danço em seus olhos
como uma estrela que se acende todas as noites.

E, por um minuto,
eu me esqueço da escuridão do dia.

pedro antônio de oliveira

16.11.15

Disparado


Quando você passa,
um ziriguidum,
um ratatatá,
um deus-nos-acuda,
um la-la-ri-la-lá,
aqui no meu coração.

pedro antônio de oliveira

1.11.15

Tudo mudar


Que o mundo está de ponta-cabeça.
Eu já sei.

Que você pode ser a diferença.
Eu tenho certeza.

pedro antônio de oliveira

Mais uma vez


Reencontrar alguma coisa perdida.
Um sonho.
Um amigo.
Uma música.
Um prazer.
Um sentido.
Uma lembrança.
Uma esperança.

Significa que nada nunca está perdido.

pedro antônio de oliveira

30.8.15

Um milhão de amigos!








                                                                                                            Fotos: Marcelo de Souza

É cada emoção que a gente vive. Foram quatro dias visitando escolas do projeto Encontro com o Escritor, do Carro-Biblioteca da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, que também promoveu Roda de Leitura e Quiz Literário, com perguntas e respostas sobre a vida e a obra do autor. O desafio de dar continuidade a algumas crônicas do livro "Uma história, uma lorota... e fiquei de boca torta!", por meio da produção de textos, animou os estudantes e premiou aqueles mais afiados. Quanta gente talentosa! Quem não foi selecionado não precisa ficar triste. Afinal, são tantas redações, que, com certeza, muitos textos legais ficaram de fora (não por falta de qualidade).

O Colégio Caminhar encerrou minhas participações nessa temporada, na sexta-feira, 28/8. Espero que venham novos encontros e muitos, muitos outros amigos pela estrada afora. Lá não foi diferente. Os estudantes, atentos e educados, interagiram com simpatia e muita animação. Professores e funcionários, carinhosos, me presentearam com sorrisos e palavras de incentivo.

O Carro-Biblioteca, criado em 1960, leva informação e cultura a seis bairros da Região Metropolitana de Belo Horizonte que não possuem bibliotecas e outros equipamentos culturais. “O Encontro com o Escritor nasceu do desejo dos leitores de estar fisicamente com o autor, trocar experiências com ele e derrubar o mito de que o escritor é alguém distante, inacessível”, explica a coordenadora Viviane Ferreira. O projeto já recebeu três autores, e contará com a participação de mais dois, até o fim do ano. 

 Obrigado a todos da biblioteca que me acompanharam nessa viagem de alegria e conhecimento, em especial à Gildete Santos, Viviane Ferreira, Cleide Fernandes, Glaucia Gaia, ao Felipe Magalhães e ao Marcelo de Souza. Viva a biblioteca! Viva o Carro-Biblioteca! Viva o leitor!!

Acesse o site encontrocomoescritor.wix.com/blog e conheça mais sobre a iniciativa.


O livro trabalhado nessa edição do projeto Encontro com o Escritor foi  “Uma história, uma lorota... e fiquei de boca torta!” (editora Saraiva/Formato). As crônicas traduzem, do ponto de vista de um adolescente, a vida com os diversos dilemas dessa idade. Provando que a literatura exerce poder em nossas vidas, nas situações mais simples e cotidianas, a obra descreve o ato de inventar histórias, contando lorotas e alegrias que encantam os corações, ou tristezas que nos aproximam uns dos outros.

pedro antônio de oliveira

O que vi de belo


                                                                                                          Fotos: Viviane Ferreira
O terceiro encontro com a meninada foi no dia 27/8, na Escola Municipal Governador Ozanan Coelho. Uma explosão de carinho dos estudantes, professores e demais funcionários encheu meu coração de alegria. Tomamos leite queimadinho, comendo bolo... hum!! Que delícia! Durante nossa conversa, os alunos contaram seus sonhos: ser jogador de futebol, veterinário, maquinista de trem de ferro, cantora gospel... E muitos outros desejos foram revelados. E nada é impossível quando acreditamos nos nossos dons, temos coragem e não desanimamos diante dos desafios. Um abração para todos dessa escola linda e repleta de gente competente!

pedro antônio de oliveira

29.8.15

Dias de campeões




Fotos: Viviane Ferreira
No segundo dia de visitas aos leitores (26/8), foi a vez de conhecer os estudantes da Escola Estadual Deputado Álvaro Salles, ainda no projeto Encontro com o Escritor, da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. Três redações foram premiadas naquele colégio. O primeiro lugar foi do João Pedro. (Tinha de ser Pedro, né?! Rsrsrs.) E, antes de saber que seu texto havia sido escolhido, ele me fez perguntas superbacanas sobre o processo de criação. 

O João Pedro parecia um dos mais interessados participantes do bate-papo. Mas, a cada anúncio de um vencedor, que não era ele, seu semblante de tristeza e decepção cortava o coração da gente. Quando chegou a vez de contar quem era o grande felizardo da manhã, comecei falando que seu texto era especial, que havia me tocado bastante, pois tive a impressão de que o autor, em suas palavras, revelava um pouco da minha história. 

E é verdade. Em um trecho da redação, o João escreveu assim: "Antes de tudo, quero que me conheçam melhor. Meu nome é João Pedro, tenho uma vontade enorme de escrever e deixar minha imaginação fluir. (...) Bom, aprendi uma coisa sobre mim, que desde muito pequeno, eu tinha esse dom de escrever." Numa outra parte da redação, o João destaca que o momento da escrita é "tão mágico", que ele já passou três horas escrevendo sem parar. 

Quando li a primeira linha de sua crônica, João deu um pulo de alegria e a sala inteira vibrou, comemorando com ele. Foi bonito, pois os colegas, sem clima de rivalidade, parabenizaram o garoto, dizendo a ele que seu dia de vencer havia chegado, que todos sabiam do seu talento e que o reconhecimento foi mais que merecido. O João garante que vai ser um escritor famoso, porque querido, ninguém duvida, ele já é.

pedro antônio de oliveira

25.8.15

Encontro com os leitores

Fotos: Viviane Ferreira

No dia 25/8, estive na Escola Estadual Coronel Manoel Soares do Couto, em Belo Horizonte, a primeira da série, participando do projeto Encontro com o Escritor, da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. Foi bem animado! Os estudantes leram meu livro "Uma história, uma lorota... e fiquei de boca torta!" (Formato/Saraiva). Antes desse nosso incrível bate-papo, semanas antes, os alunos de todas as escolas participantes se aventuraram pelo Quiz Literário e pela produção de textos. Os vencedores do jogo de perguntas e respostas e os autores das melhores redações foram premiados. Obrigado a todos que me receberam com tanto carinho e empolgação. 

pedro antônio de Oliveira

18.8.15

Quem se arrisca?


E se eu fugir com o circo?
Será que eu fico rico
de alegria sem fim?

pedro antônio de oliveira

5.8.15

Eu só quero chocolate!


Sabe... o ano lá vai embora outra vez. E, com ele, a chance de aproveitar ao máximo o que a vida pode nos dar de melhor. Sejamos francos, querer nem sempre é poder. Mas finja que não sabe disso e vá à luta. Os pequenos gestos, os pequenos encontros, os pequenos prazeres ainda são, para mim, o pote de ouro no rascunho das cores.

pedro antônio de oliveira

À beira do caminho



TV é tudo o que você sabe ver.
Não vê que eu olho pra você.

Bom mesmo é saber 
que a vida pode mudar
e deixar pra trás 
coisas que não servem mais.

Não é difícil perceber que o tempo muda os caminhos.

"livre pra viver" vera negri

8.7.15

Sonhos claros

Vou ter de dormir
mesmo com estrelinhas piscando em minha mente,
querendo que eu invente, que eu invente, eu invente...

ZZzzZ... o.O/ (11:18 p.m.) - relógio digital, anormal

pedro antônio de oliveira


13.6.15

Vencer é diferente


Campeão
é se o coração
chega em primeiro lugar.

pedro antônio de oliveira

7.6.15

Coragem!


Não desista,
se há pessoas e coisas que se confundem com espinhos.
Porque o mundo é muito mais que o cinza dos corações de pedra.

pedro antônio de oliveira

22.5.15

Eu nem aí!


Quero viver 
só de música,
verão,
sábado à noite 
e paixão.

pedro antônio de oliveira

17.5.15

Só depende de nós


Um dia, 
abrindo a roda de mão em mão,
daremos mil voltas no mundo.
Girando na vida como um pião,
seremos um num segundo.

Pobres e ricos juntos como irmãos,
pra sempre seguros.
Sem cor, sem raça, 
livres como um balão,
buscando o futuro. 

Nós somos o sonho,
a festa,
a vez do amanhã,
motivo de olhar pra você
com o coração.

"a vez do amanhã" torcuato mariano e cláudio rabello

9.5.15

Mãe


_ Mãe, sua comida é uma delícia!
_ Mãe, que gostoso o seu abraço!
_ Mãe, minha roupa está macia e cheirosa!
_ Mãe, a casa ficou um brinco!
_ Mãe, a senhora acertou! Adorei o presente de aniversário!
_ Mãe, agora estou melhor! Aquele remedinho me curou da febre.
_ Mãe, me senti seguro ao atravessar a rua, segurando sua mão.
_ Mãe, a senhora estava certa. Valeu pelo conselho!
_ Mãe, obrigado por me deixar acreditar no Papai Noel. A vida também é feita de sonho!
_ Mãe, a senhora é linda!
_ Mãe, eu te amo!

Quantas frases poderiam ser ditas para nossa mãe. A maioria delas, de agradecimento. Afinal, mãe faz tudo para ver a gente feliz. Pena que, quando se cresce (e isso acontece bem rapidinho), a gente percebe o quanto o mundo é áspero e como aquele colo quentinho era nosso paraíso.

Mãe não é chata. Mãe não pega no pé. Mãe não é paranoica. Mãe é anjo. Anjo se preocupa. Anjo fica  por perto. Anjo quer proteger. Anjo é amor. 

Onde quer que sua mãe esteja, que ela esteja em seu coração, porque você estará sempre no dela.

pedro antônio de oliveira

5.5.15

Gentileza urbana


Moro numa cidade onde muitos ainda não aprenderam a respeitar as faixas de pedestres. Os motoristas dirigem apressados, buzinam, ultrapassam, xingam e, por isso, parecem um pouco insensíveis. Eu, não! Gosto de deixar as pessoas passarem quando percebo que há alguém esperando para atravessar a rua. Tento ficar distante dos motociclistas para evitar qualquer surpresa desagradável, no caso de uma freada brusca que possa causar uma colisão. Fico feliz quando percebo que meu gesto de gentileza despertou o sorriso do outro, um "muito obrigado", um aceno. Isso me faz acreditar que não estou perdendo tempo ou sendo bobo em colocar a vida em primeiro lugar. Sinto-me satisfeito em ser apenas um grãozinho de areia, na imensidão selvagem, a promover, do meu jeito, a paz. Acredito que cada um de nós possa ser também uma centelha a romper a escuridão das sombras que insistem em nos engolir. Quem sabe, pequenos vaga-lumes, voando por aí, consigam um dia iluminar a Terra inteira!?

Maio Amarelo

O Movimento Maio Amarelo já começou. A ideia é chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito. Leia mais: www.maioamarelo.com.

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pedro antônio de oliveira

18.4.15

Apenas mais uma de amor


Como pode alguém ficar no pensamento da gente por um dia inteiro? Eu não sei seu nome, de que música você gosta ou o que você faz quando caem as estrelas. Talvez você prefira a energia da manhã ou a calma da tarde. Ah, se eu fosse um investigador secreto... ficaria bem escondido, atrás de uma árvore, usando um disfarce, respirando devagarinho, esperando horas a fio, só para te seguir. Eu iria atrás de seus passos, descobrindo seus caminhos, desvendando sua história. Queria saber tanta coisa! De repente, tudo me interessa: qual o som da sua risada, se gosta de dançar, contar piadas ou se a leitura é seu forte. Pode ser que nem fale muito, que aprecie o silêncio, que a timidez seja sua principal característica. Se você aprendeu a decifrar olhares, terá visto como fiquei embaraçado quando se dirigiu a mim, falando qualquer coisa sobre o tal produto que eu procurava. Bobagem! Já havia encontrado algo melhor, o desassossego da sua presença, bem ali, na minha frente. Agora sei onde você fica. É naquela loja, daquela grande avenida, da cidade fria, aonde batem, disparados, milhares de corações parecidos com o meu.

pedro antônio de oliveira

10.4.15

Fã dos garis, garoto tem festa de seus sonhos


“Basta o caminhão de lixo passar para terminar o sossego”, conta com bom humor Patrícia Sueli dos Reis Rezende, mãe do pequeno João Guilherme, que comemorou três anos de idade no dia 5 de abril, homenageando os garis. A decoração, voltada para a limpeza urbana, incluiu bolo e doces personalizados, além de um espaço com bonecos e equipamentos que remetem à coleta seletiva. O evento teve a apresentação do gari Daniel do Rap, que executou números de dança e música, agitando os convidados. O aniversariante e os monitores se vestiram de gari.



Patrícia lembra que o entusiasmo do filho surgiu aos sete meses de vida. “Ele é apaixonado pelos profissionais da limpeza urbana e não consegue conter a alegria ao vê-los trabalhando”, explica orgulhosa. A cor laranja do uniforme sempre chamou sua atenção e, segundo ela, João Guilherme já parecia saber a hora exata da coleta dos resíduos. “Agora, ele quer se aproximar, falar com os garis, abraçá-los e subir no caminhão compactador”, diz.

O destino acabou aproximando João ainda mais de seus ídolos. Há alguns anos, sua mãe começou a trabalhar em uma gerência regional de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte e o leva para ver os veículos de coleta, sempre que é possível. “Ele imita o motorista, finge que está dirigindo e garante que quer seguir a profissão”, destaca. “Certa vez, ele se soltou de minha mão e correu em direção aos agentes, quase provocando um acidente”, recorda.

Aos olhos do garoto, o fascínio pelo universo da limpeza urbana parece ir muito além da simples admiração. Ele demonstra ter consciência da importância do ofício para a sociedade. A falta de preconceito e a pureza do menino chegam ao ponto de ele pedir para ajudar na limpeza das vias. “Vou trabalhar na Prefeitura e varrer a rua com pá e vassoura”, afirma João.

O pai Reginaldo da Silva não mede esforços para agradar ao filho por perceber o quanto ele valoriza o dia a dia profissional dos garis. “Já tive que dar várias voltas no quarteirão para que ele pudesse ver os caminhões estacionados perto da sede da gerência de Limpeza Urbana.”



assessoria de comunicação da superintendência de limpeza urbana (SLU) 
prefeitura de belo horizonte

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