20.12.14

Tempos modernos



Sinto saudade de quando a vida era menos tecnológica. Parece que havia mais tempo para tudo, principalmente para estar com as pessoas de uma forma mais sincera. Esses avanços vieram para aproximar ou aumentar as distâncias? O prazer de conversar sem pressa, de olhar no olho e de sentir o silêncio. Hoje o mundo anda muito barulhento e a avalanche de informações chega até nós sem que a gente queira direito.

Ontem mesmo, na academia (Há quanto tempo não aparecia por lá!), conversava com meu amigo Thiago sobre isso. Ele me perguntou se não fico atordoado com tanto ruído, com tanta notícia, com o excesso de informação? Será que é possível filtrar e selecionar só aquilo que nos é importante? Talvez, sim, mas tudo depende de uma mudança de postura.

Por que sentimos necessidade de provar o tempo inteiro para os outros que somos os melhores, os mais bem-sucedidos ou os mais felizes? Isso cansa! Quem é que não gostaria de morar para sempre nos álbuns do Facebook? Eu queria! Por lá, é tudo quaaaase perfeito. Os relacionamentos em família, as viagens, o trabalho... Ninguém tem chefe chato, ranzinza ou ditador. Ninguém discute com a mãe ou com o irmão. Ninguém sente inveja ou tem ataques de crueldade com o próximo. Todos são angelicalmente bonzinhos e amigos-mais-que-amigos. Deus vendo!

Por outro lado, preciso destacar: a cada dia, proliferam postagens nada a ver de nossos coleguinhas virtuais. É cada uma, que já nem sei se choro ou dou gargalhadas. São aqueles que protestam e levantam bandeiras, assumem posturas políticas e brigam com o universo em peso. São os que adoram imagens de animaizinhos mutilados e sofredores, os que claramente só pensam em comida, os indignados com tudo e com todos, os que acham que suas vidas são tão interessantes, que postam até seus momentos menos glamourosos. Me diga se não bate uma depressãozinha ao abrir a página de sua rede social e se deparar com alguém no hospital, levando soro na veia, relatando em minúcias a doença de um familiar ou mesmo a morte dele. Já fico imaginando quantos riscos e tragédias me circundam. Me benzo e dou um clique para fora daquilo, tentando escapar dos infortúnios.

Sinto saudade de um tempo que não volta mais. Tomara que um dia a gente se canse de todo esse circo e volte a viver o mundo real. Podemos avançar na tecnologia, não podemos retroceder como seres humanos. A internet e outros tantos recursos do mundo moderno estão à nossa disposição para o bem. Precisamos ser mais autênticos, mais maduros. É possível fazer bom uso das ferramentas de comunicação, que evoluem a todo instante. Não é possível continuar mentindo para nós mesmos.

pedro antônio de oliveira

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