23.1.18

Decifra-me


E eu viajei sobre os telhados das casas como faço todas as noites. Pessoas e bichos dormiam, sem desconfiar de nada. Somente os olhos bem acesos das estrelas, cintilantes como reflexos de sol no orvalho, miravam minha silhueta transparente na madrugada fria.

Abri os braços como se eu fosse um querubim. E, no fundo, quem sabe eu era, todo azul na minha imaginação, atirando flechas incandescentes sobre o sono da cidade.

Soprei segredos, palavras mágicas, repletas de códigos, e acordei sonhos antigos, quase esquecidos.

E antes de o dia clarear, minha missão estava cumprida. Voltei para meu quarto para seguir minha vida normal, praticamente invisível também, e, em seguida, caminhar pelo mundo como alguém comum, mais um filho de Deus.

Mas, na próxima noite...

Pedro Antônio de Oliveira

Nenhum comentário: