A gente dava uma paradinha no shopping para aquele tradicional sundae com cobertura de caramelo e juventude. A Gleici também, de vez em quando aparecia, só para ganhar saúde e alguns olhares pelo caminho. Os meninos da rua, como sempre babando ao vê-la passar, de queixos caídos e se decompondo de paixão pela diva.
Mas não era apenas isso. Vivemos juntos inesquecíveis tardes musicais, ora nas casas delas, ora na minha humilde residência. A gente trocava CDs, copiava nossas músicas preferidas em fita cassete e dava gargalhada por qualquer bobagem.
As barraquinhas dos sábados gelados de junho também grudaram na memória. Nas festas juninas, ainda fazia frio para se tomar quentão, coisa para adultos. Amava tanto aquele som de bandeirinhas tremulando... Ainda se cantava a São João, pedindo a ele para acender a fogueira do nosso coração.
Para uma dessas baladinhas, Wal pintou os cabelos com papel crepom. E deu tudo errado, ou tudo certo, se a intenção era se tornar uma extraterrestre de madeixas verdes, rosas, azuis... ah, furta-cores! Ela ficou, internacionalmente, conhecida no bairro. Porém, como tudo é passageiro, logo o tom berrante do cabelo se desfez e ela voltou a ser uma menina normal, invisível no meio de multidões.
Pedro Antônio de Oliveira
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