12.3.09

O garoto voa-dor


Se você tem medo de altura, vá embora. Mas eu sugiro que confie em mim. Pois sou melhor que o vento que bagunça os cabelos arrumadinhos. E tão honesto quanto o amor que você chora nessas lágrimas. Porém me divirto rodando as pipas que somem pelo céu. Já fiz as folhas de outono se perderem em qualquer canto. Eu pareço e sou bonzinho. Mas voarei pra longe até te encontrar. Às vezes, faço que caio, faço que pulo, faço que minto, só para você olhar um segundo. No fundo, eu quero ser as flechas certeiras que ferem seu azul-coração. Eu acho que o tempo me envelhece, mais que o sol deste verão que se vai. Não tenha pena de mim, consigo voltar brilhando no escuro. Eu posso cantar um sonho, aquele que você mais quer! Eu posso me fazer de alguém. Você me inventa e eu serei.

PEDRO ANTÔNIO DE OLIVEIRA

26 comentários:

gloria disse...

o garoto voa-dor reverte os ritos daqueles que vivem com os pés fincados no chão. Ele sabe que desarrumar, desgrenhar é um modo de transmudar os espaços do tempo. por isso, ele pode ir longe, por entender que o amor em fuga,o medo não amedrontam quem sabe voar. e pedro, sabe e, por isso nos encanta com seus escritos. bjs

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

"Você me inventa e eu serei." Mas quem inventa quem, meu caro Pedro? A única invencionice possível está para a arte. E a única possibilidade de se fazer arte, está para a linguagem, seja ela escrita, falada ou rabiscada aos pincéis em paredes, muros e telas. Portanto, será que o amor ou isso que chamam de paixão não transcende tais invencionices? Será que o lugar dos diálogos, como diz o Donaldo Schüler, somente nos incute discussões e mais discussões, sendo que o única acordo possível está para o calor das peles na cama? Se esta verdade é real, a invencionice do amante que se quer amado mediante truques e blefes de pulos que não se sabem, pode ou não dar certo. Em tempos de contrato de risco, em tempos líquidos à Bauman, o estranho é ainda aspirarmos uma certeza que é quase uma droga, sendo que a boca de fumo, neste caso, está fincada pra sempre na nossa imaginação. E não adianta virem os psicanalistas dizer que somos divididos em parcelas simbólicas, imaginativas e reais: não, não adianta e isso é besta, muito embora eu goste muito do Seu Lacan. Para o humano não existem parcelas. Afinal, não somos divididos em gavetas. Mas quando abrirmos a gaveta do armário ao lado e ali vermos a lingerie preta daquela mulher que sempre queríamos ter nos braços, na pele, com os peitos colados ao nosso peito no suor do sexo, com o ventre fincado no nosso ventre nesses movimentos primitivos que só o prazer nos permite, finalmente poderemos abrir mão dos blefes. Isso, claro, até portas ou janelas se abrirem e as oportunidades escorrerem por todas as frestas. Logo, nosso tempo é quando, como bem disse o Vinícius. Por isso, um abraço, meu caro poeta, visto que hoje me embasbaco com seu lirismo que venceu a sinceridade para enfim ser arte. Afinal, franqueza é o que nos resta e sentimentalidade é para os fracos. Portanto, precisamos ser no mínimo sensíveis, pois é do pouco que cai no chão que se faz poesia. Um abraço, homem da torre que de marfim nada espero.

Dobradinha Literária disse...

deixo meu pensamento:
foi muito claro seu texto...e se eu nao me engano a mensagem das dentre linhas e hífens foi muito boa...rsrs
parabens

Mimirabolante disse...

É incrível como os seus pequenos textos provocam catarses nas pessoas que visitam este seu espaço.....voce é um disparador de emoções....Sua Torre é realmente Mágica.......Encantadora .....

Carla Taiane disse...

Moço da Torre...
teus escritos
encantam
xD
bjos...

Joana M. disse...

Maravilhei neste :')

Mirela Ferraz disse...

Lindo!


menino vento que venta poesia.


Beijos

Fabio Christofoli disse...

eu queria ter o dom de falar muito em tão poucas palavras...

vc faz isso com perfeição!

Parabéns pelo trabalho, esse texto é belíssimo e sugere mtas interpretações - quer elogio maior q esse para um autor?

Marcelo A. disse...

Grande Pedro;

É impressão minha ou há algo de você nesse garoto? Rsrsrs!

Esse garoto voa-dor é quase um Erê!

No fundo, no fundo, existem muitos garotos voa-dores por aí, dentro de cada um. Basta apenas perder o medo de altura e confiar. O resto é pura mágica...

Abraço forte!

Professora Lara disse...

Pedro, você consegue colocar palavras que realmente tocam a gente, são momentos únicos quando leio seus poemas. Mas não me transformo, posso mudar, porém não quero ser alguém que não eu.
Abraço

Adelcir Oliveira disse...

Realmente, em curto espaço, longa sensibilidade poética e filosófica... Belíssimo texto!


Abraço!

niki disse...

uma das melhores coisas é sentir o vento no rosto (:

Marcela disse...

Parabéns pelo teu blog é mto bom, gostei!!
Bjs

Marcelo A. disse...

Grande Pedrônio;

Muito obrigado pela parte que me toca. Toda vez que sento a bunda diante do pc, é pensando em gente como você que sempre aparece com comentários que valem à pena. É meio como a continuação do post, né? Ou melhor: uma postagem conjunta! Eu começo e daí, vocês fecham bonito... Rsrsrs!

Não se preocupe, que eu não te levo a sério não... Nem a mim mesmo eu levo a sério! Eu sou a pessoa mais sem noção que você (não) conhece, posso garantir... Rsrsrs!

Precisamos conversar qualquer dia desses. Você falando dos seus livros, me fez lembrar que eu tenho três guardadinhos aqui comigo, sem destino. De repente, o conselho de alguém mais experiente, possa me animar a mostrá-los pro mundo... Rsrsrs!

Abraço forte!

kilder disse...

bem bacana o jeito que voce conduz a narrativa, bem interessante...passarei aqui mais vezes!!!!

http://comumente-kilder.blogspot.com

gloria disse...

oi Pedro, tem um selo para você lá no meu blog. bjs

J Araújo disse...

Voar, voar e voar, isto nos eleva nas alturas e nos inspira a criar coisas que nós mesmo duvidamos que somos capazes.

Belo texto menino Pedro.

Parabéns!!

Joana M. disse...

eu agora actualizo mais outro blog meu: www.demasiadocoracao.blogspot.com, espero q gostes na mesma :p

Vinícius Rodovalho disse...

A altura e a sua sublime beleza! As sensações, a cena, a ansiedade... Tanto que a gente quase esquece de mencionar os perigos de estar a muitos metros do chão.

A questão é: correr o risco almejando o grande benefício ou ficar seguro em terra?

O garoto voa-dor pede confiança. Há quem lhe dê. Eu, apesar de não ser tão voa-dor assim, também peço. E vejamos se me dão.

Ótimo texto.

Xubis D. disse...

Oi, Pedro!
Queria descobrir quem é que mantém os pensamentos desse garoto voa-dor tão altos...!
Porque no fundo todos voam, no fundo todos sentem dor, mas, no fundo, nem todo mundo ama.
Achei - para variar- o texto lindo!
Se eu tivesse que escolher uma única razão para continuar na blogosfera seria seu blog!
^^

E..quanto à sua idade...aí você me pegou. Sou péssima para chutar idades! Mas, não sei, diria que uns 25 - já que eu acho que você já saiu da faculdade..vai saber!
Desculpe se estiver errada, mas eu realmente chutei essa. Não confio na minha própria intuição, vê se pode!

Beijão mega especial dessa louca,
a Lu!

Espaço Diverso disse...

Valeu a pena escalar! Você voa alto, hein?
Gostei muito do teu blog, achei no blog de um amigo, então vim visitá-lo... e adorei! Me fez tirar os pés do chão...

Ah! Obrigado pela visita ao meu!

Um grande abraço! Até mais.
Arion

Danni disse...

Oi, obrigada pela visita ao meu blog, assim que ler a postagem eu comento sobre ela!

Volte sempre e pode ter certeza que eu voltarei aqui, gostei do seu blog!!

Ígor Andrade disse...

Obrigado pela visita, e volte sempre.
Abraço!

Xubis D. disse...

Oi, Pedro!
Obrigada pelos elogios ao meu texto!
É tão estranho..o meu texto mais pessoal, e o que você mais gostou! hehehehehe Eu escrevi ele daquele jeito porque não fiz rascunho antes e acabei escrevendo na hora..talvez pensar demais estrague as coisas...vou começar a pensar nisso!!hahahaha


Sobre a sua idade..isso não é justo! Vou começar a fazer birra...hehehe Você sabe a minha idade...><
Pelo menos me dá uma dica: mais ou menos que 25?
Eu acho que é menos, e por ora fica meu (novo) chute: 23.
^^

Beijos curiosos da
Lu!

Marcelo A. disse...

Pedrão!

Rindo muito aqui. Daqui a pouco vão fazer um bolão pra descobrir a sua idade. Eu sei (mas juro que não conto)! Rsrsrsrs!

Seguinte: passa lá em casa. Te indiquei prum selo. Não sei se curte essas paradas, mas tá lá. Só pegue se quiser (não fico chateado)...

Abração!

Nuvem disse...

Deslizo na sua escrita.

Na minha metade do mundo,
voarei alto, assobiando
até ser escuro
e eu puder ficar:
sem jeito, nem nexo,
flutuando num tapete de sede carmim,
respirando no trapézio
de andar em pontas pela vida.

:) Verbo voar.

Abraço d' céu