16.2.20

Telhados de Paris


Venta, ali se vê
Aonde o arvoredo inventa um balé
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado, mas parece outro país
Que me estranha, mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito
Eu tenho os olhos doidos, doidos, doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, doidos, são doidos por ti
O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
De versos retos, corretos
E o resto de paixão, reguei
Vai servir pra nós
E o doce da loucura é teu, é meu
Pra usar a sós
Eu tenho os olhos doidos, doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, doidos, são doidos por ti
Eu tenho os olhos doidos, doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, doidos, são doidos por ti
Venta...
Venta...
Venta...

Zélia Duncan

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