Nós nascemos para ter asas, meus amigos. Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: "nós nascemos para ter asas". No entanto, em épocas remotas, vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas, assim como se gastam tostões. Cortaram-nos as asas como se fôssemos apenas operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingênuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca. Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas; e, novamente cortadas, de novo voltam a ser. Aceitemos essa hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática. Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.
josé fanha
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