28.8.08

Era uma vez o "jaca"

A Aninha gosta muito de gato. Ô, menina que adora gato, credo! Nunca vi. Parece que tem problema. Agora, os gatos não gostam dela - disso eu sei! Ora, se gostassem, não arranhavam a coitada como diversas vezes já arranharam. Tudo bem que a Aninha, aqui pra nós, mata qualquer gato de raiva, com aquela pegação, aquela "abraçação".
Dizem que gato não é amigo de gente... São traiçoeiros, interesseiros, misteriosos, sei lá. Pode ser... Gato tem olho esquisito, já viu?! Fica olhando pra gente, assim meio parado, parecendo que vai pular, arranhar nossa cara, búúúúú! Ai, dá um calafrio. Bem, mas as manias da Aninha não paravam por aí, não. Ela também era louca por bicho de pelúcia. No quarto dela, tinha um milhão deles. Pra limpar a casa em dia de faxina, nossa senhora, coitada da empregada, era uma trabalheira! Tinha que ter o maior cuidado, senão... rua! Demissão sumária!
Um dia um gato subiu na cama dela e começou a brincar com um dos bichos de pelúcia. Adivinha o que aconteceu? Fácil, né! Rasgou um dos brinquedinhos de Aninha. Era um jacaré de pelúcia! Voou enchimento de jacaré pelo quarto todo, foi uma sujeira, uma confusão! Josefina, a pobre da empregada, quando bateu com os olhos naquela bagunça, gritou como se estivesse vendo uma alma penada e depenada!
A Aninha veio correndo... e deu um chilique com direito a desmaio e choradeira! “Ai, meu Deus!!! Justo o jacaré??? Foi o Juninho quem me deu! E ele trouxe de tão longe... de Quixeramobim! Coisa rara! Nunca mais vou ter um igual!” É verdade. O namorico dos dois já tinha dado o que tinha que dar. Não ia ganhar outro jacaré daquele tão cedo, só na próxima encarnação, porque nem namorado Aninha tinha mais. Lágrimas e pelúcia, a mistura perfeita para o caos. A empregada, além de vassoura, teve de pegar o rodo para enxugar toda aquela molhança.
“Que tal se a senhora arrumasse um novo namorado pra te dar outro jacaré ou onça, ou coelho ou...” sugeriu a Josefina na melhor das más intenções (porque ela também não deixava de alfinetar um pouco, de tão cansada daqueles tremeliques da patroa, irritantes e fora-de-hora). Um olhar fulminante secou a Josefina que só não morreu de mau-olhado porque era protegida de “Padinho Pade Ciço”. Ah, mas depois passou. Aninha acabou esquecendo o jacaré. Também... o que havia de se fazer?

PEDRO ANTÔNIO DE OLIVEIRA

2 comentários:

Beatriz Cruz disse...

Olá, Pedro

Gostei muito desse "jaca"!!! E dos outros textos seus que li. Parabéns!Voltarei por aqui...
abs,
Beatriz

A Torre Mágica | Pedro Antônio de Oliveira disse...

Oi, Beatriz.

Me fale o endereço do seu blog. E obrigado pela visita.

Pedro Antônio - www.atorremagica.blogspot.com