9.8.08

A gente acaba aprendendo


E eu que sempre pensei que meu nariz não era nariz, era um narigão, uma dessas coxinhas de boteco. O meu cabelo, esse aí, pelo-amor-de-Deus, nunca parou no lugar. Era gel, era creme sem enxágüe (não conta pra ninguém), era touca com secador (pra parecer liso e com balanço, era máquina zero pra ver se ele nascia de novo (melhor desta vez), era tanta coisa, tanto trabalho... As espinhas, então, eram como pipocas vis, torpes e vingativas, saltitantes da testa até o queixo, de um lado a outro da bochecha (Danadas, parece que se divertiam!). Enfim, eu – rascunho do adolescente com um só destino traçado. Vai morrer só e desengonçado. Bobo eu. Devia, desde cedo, ter seguido meu sonho de ser palhaço. Escondia as imperfeições criadas na cabeça e deixava o mundo perfeito, cheio de risos.


PEDRO ANTÔNIO DE OLIVEIRA

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